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março 30, 2007

O tamboril e as leis da economia

Felizmente, vejo com frequência na "gastroblogosfera" um cuidado mínimo obrigatório, o de se valorizar muito mais a qualidade dos ingredientes do que a "graça" da receita. também ajustar uma coisa à outra. Quanto a esta regra essencial relembro o que uma vez aqui escrevi. Não faço uma perdiz à convento de Alcântara, gastando foie gras genuíno e trufas pretas, com perdiz de aviário. Mas o que é a qualidade? Preço?

Meio a brincar, vou pensar na cozinha como exemplo de uma lei básica da economia, lembrando-me de uma coisa execrável mas tão na moda, o tamboril. É o melhor exemplo da velha lei do valor, da procura e da oferta. No meu tempo de jovem cozinheiro pelintra, era peixe muito barato, a nível de carapau. O problema é que havia tantos pelintras como eu à sua procura, até para fazer umas marisquices com colorau e outros temperos, que excedeu a oferta e o horroroso bicho passou a ficar coisa cara. Tem ao menos uma coisa que lhe vale, uma boa quantidade de fígados, embora a léguas de sabor de um fígado de salmonete ou de rocaz (o supra-sumo do fígado amariscado). Pagar balúrdios hoje por uma porcaria de arroz de tamboril é bom sinal da nossa estupidez colectiva. E até gosto de um arroz de peixe, mas de cherne, de bacalhau fresco, de espadarte, de cação, de cavala, de mero, de outros mais, todos peixes rijos mas com muito sabor, a sobressair no arroz de peixe.

Isto dá-me ocasião para uma brincadeira. Não brilho na net como grande cozinheiro criativo, nem quero, só me traria prejuízos práticos. Primeiro, porque não sou. Segundo, porque quando me sai criação é para ser bem gerida. Este caso é diferente. Não quero tamboril para nada, mas diverte-me fazer dessa porcaria "cozinha criativa". Fica para a próxima.

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