" />

outubro 24, 2006

A alheira marrana

Hoje vai uma curiosidade histórica, certamente conhecida por muitos. Há já uns anos, em Israel, onde a cozinha tradicional é coisa complicada e indefinida de cozinha do Mediterrâneo oriental, surpreendi um bom cozinheiro com a notícia de que o mais genuíno cozinhado judeu se fazia em Portugal, a alheira.

Porque é que a alheira não leva porco? É prato marrano e símbolo da esperteza da sobrevivência. Os cristãos novos eram escrutinados em todos os seus costumes, para garantia de não judaizarem. Bom exemplo era comerem bem publicamente enchidos, ninguém suspeitaria que não fossem de porco, coisa execrável para as leis de Moisés. Esperteza judaica foi fazê-las com galinha e coelho. E herdámos uma coisa deliciosa, para comer, no ponto certo e difícil da fritura, com batata frita e ovo estrelado. Quando como alheira, e gosto muito, lembro-me de que também sou um pouco judeu, trisneto de um sefardita de Marrocos, José Bensabat, que foi negociar para os Açores no apogeu do ciclo da laranja.

0 Comentários:

Enviar um comentário

<< Home