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setembro 12, 2006

Vinho dos Biscoitos

O vinho dos Biscoitos, de que já aqui falei, é um ícone da velha história vinícola dos Açores, quase destruída no século XIX pela praga da filoxera. Digo “quase” e muito bem, porque ficaram alguns “irredutíveis gauleses”. Por toda a parte, as vinhas foram arrancadas e substituídas pela horrorosa vinha Isabel, ou de cheiro. No entanto, mantiveram-se uns nichos das velhas castas. Destas, a mais típica é a verdelho. Não sendo perito, creio que também se cultivava, como na Madeira, a terantês. Não sei se alguma vez se cultivaram nos Açores as outras castas tradicionais da Madeira, boal, sercial e malvasia. Creio que não.

O vinho açoriano mais apreciado, internacionalmente, era o generoso, dos Biscoitos e do Pico. Em tempos passados, era meio doce, depois começou a fazer-se seco e meio seco, para aperitivo. Em qualquer dos casos, muito bom, hoje, depois de tempos de má técnica. Os Biscoitos merecem respeito: são região demarcada e têm confraria.

Começa também a florescer a produção de brancos de mesa, na Graciosa e no Pico. Já há um branco de mesa dos Biscoitos, da casa Brum, o Donatário, exclusivamente verdelho, um desafio a abrir-me os sabores, a mim que sou um amante dos vinhos monocasta, os que permitem os maiores desafios de escolha ao apreciador. Infelizmente, nestas minhas férias recentes em S. Miguel, não dei por ele. Quando é que vou encontrar à venda um Donatário?

O vinho dos Biscoitos é caso especial, porque hoje é magnífica obra familiar, dos Bruns, herdeiros do velho senhor terceirense Chico Maria, que dá hoje nome a alguns dos vinhos. O seu museu do vinho, na Terceira, é ponto turístico obrigatório. Infelizmente, será ponto banal de passagem para muitos turistas, mas não para aqueles que percebem toda a cultura familiar, o espírito açoriano e a quem o Luís e a família dedicam esmeros de hospitalidade terceirense.

Estou a devanear e a esquecer-me do essencial que foi, finalmente, encontrar um sítio da casa Brum. Está lá tudo sobre o vinho dos Biscoitos. Só falta uma coisa. Onde comprar em Lisboa tão extraordinário vinho? Luís Brum vai-me mandando com amizade algumas garrafas, mas eu bem queria divulgar o seu vinho entre os meus amigos de cá.

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