Férias em S. Miguel (VI)
Que restaurantes, e para que turistas?
Nas notas que tenho escrito sobre cozinha tradicional açoriana, tenho-me esquecido de delimitar os públicos, coisa muito importante. Como micaelense à distância, ponho-me na situação do visitante que quer encontrar, ou reencontrar, no meu caso, os sabores identificadores da velha cozinha. Mas os micaelenses residentes também têm direito a bons restaurantes, que sirvam mais do que eles podem comer em casa.
Isto coloca problemas práticos aos empresários de restauração. Restaurante de genuína cozinha micaelense de alta qualidade? Talvez seja para fechar fora da época turística. Além disto, tem de atender a públicos diferentes. O turista português continental está bem preparado para o estilo muito particular da cozinha tradicional micaelense, mas duvido que o esteja o grande turista micaelense de hoje, o escandinavo, tanto por gosto como por poder de compra (sim, não estranhem, vão lá ver de que nível económico são). Mesmo um turista apreciador não aguente uma semana só a comer cozinha regional e quer ter oferta variada de bons restaurantes convencionais.
Mas há que pensar que os gastrónomos micaelenses não podem ficar subordinados aos turistas. Isto é questão complicada. Devem ter bons restaurantes extra-turismo, mas não os devem sugerir aos turistas como cozinha regional. Nestes últimos tempos, tive duas experiências tristemente exemplares. Primeiro, um restaurante de que aqui falei, que pretende ser de boa cozinha de inspiração micaelense, mas sem saber. Depois, o que está com fama de ser o melhor restaurante de S. Miguel.
É o tal paradoxo. Acho muito bem que um micaelense lá vá, para comer “bem” (no sentido banal mas enganador de fora de casa), mas não o recomende a um visitante, que, de bons restaurantes, tem experiência lisboeta a dispensar a micaelense. Tudo lá é fraco e não especialmente recomendável, desde a comida ao serviço. Pormenor anedótico de quando lá fui: ao fim de tempos de encerramento para obras, os disjuntores saltavam de minuto a minuto e a solução foi desligar o ar condicionado, para grande sudação dos convivas, em fim de tarde muito acalorada.
Dito isto, é verdade que talvez sirvam algumas coisas bem feitas, não açorianas, agradáveis para os locais, com destaque para a cozinha alentejana. Não sei, porque não provei. Desgostoso com toda a ementa, acabei por pedir um bife à micaelense. Que pena não ter ido outra vez ao Mandarina, teria comido um bife bem melhor.
Nota - curiosamente, ao contrário do que se passa por quase todo o país, vale a pena comer nos restaurantes de alguns dos hotéis de Ponta Delgada.
Nas notas que tenho escrito sobre cozinha tradicional açoriana, tenho-me esquecido de delimitar os públicos, coisa muito importante. Como micaelense à distância, ponho-me na situação do visitante que quer encontrar, ou reencontrar, no meu caso, os sabores identificadores da velha cozinha. Mas os micaelenses residentes também têm direito a bons restaurantes, que sirvam mais do que eles podem comer em casa.
Isto coloca problemas práticos aos empresários de restauração. Restaurante de genuína cozinha micaelense de alta qualidade? Talvez seja para fechar fora da época turística. Além disto, tem de atender a públicos diferentes. O turista português continental está bem preparado para o estilo muito particular da cozinha tradicional micaelense, mas duvido que o esteja o grande turista micaelense de hoje, o escandinavo, tanto por gosto como por poder de compra (sim, não estranhem, vão lá ver de que nível económico são). Mesmo um turista apreciador não aguente uma semana só a comer cozinha regional e quer ter oferta variada de bons restaurantes convencionais.
Mas há que pensar que os gastrónomos micaelenses não podem ficar subordinados aos turistas. Isto é questão complicada. Devem ter bons restaurantes extra-turismo, mas não os devem sugerir aos turistas como cozinha regional. Nestes últimos tempos, tive duas experiências tristemente exemplares. Primeiro, um restaurante de que aqui falei, que pretende ser de boa cozinha de inspiração micaelense, mas sem saber. Depois, o que está com fama de ser o melhor restaurante de S. Miguel.
É o tal paradoxo. Acho muito bem que um micaelense lá vá, para comer “bem” (no sentido banal mas enganador de fora de casa), mas não o recomende a um visitante, que, de bons restaurantes, tem experiência lisboeta a dispensar a micaelense. Tudo lá é fraco e não especialmente recomendável, desde a comida ao serviço. Pormenor anedótico de quando lá fui: ao fim de tempos de encerramento para obras, os disjuntores saltavam de minuto a minuto e a solução foi desligar o ar condicionado, para grande sudação dos convivas, em fim de tarde muito acalorada.
Dito isto, é verdade que talvez sirvam algumas coisas bem feitas, não açorianas, agradáveis para os locais, com destaque para a cozinha alentejana. Não sei, porque não provei. Desgostoso com toda a ementa, acabei por pedir um bife à micaelense. Que pena não ter ido outra vez ao Mandarina, teria comido um bife bem melhor.
Nota - curiosamente, ao contrário do que se passa por quase todo o país, vale a pena comer nos restaurantes de alguns dos hotéis de Ponta Delgada.
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